quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Justiça rejeita acusação contra Carla Cepollina pela morte do coronel Ubiratan


A Justiça de São Paulo rejeitou a denúncia (acusação formal) contra a advogada Carla Cepollina, suspeita de ter assassinado com um tiro o namorado, o coronel da reserva da PM e deputado estadual Ubiratan Guimarães, 63, morto em setembro de 2006.


Comandante da operação conhecida como massacre do Carandiru, que resultou na morte de
111 presos em 1992 --somente 102 foram atribuídas ao coronel, Ubiratan foi baleado em seu apartamento, nos Jardins (zona oeste de São Paulo). O crime ocorreu no dia 9 de setembro, mas o corpo foi encontrado na noite seguinte, enrolado em uma toalha.

A defesa da advogada afirmou que o Tribunal do Júri de São Paulo julgou a denúncia do Ministério Público improcedente. "Estou muito feliz. Sou inocente", disse Cepollina . De acordo com os advogados, a Justiça considerou as provas apresentadas como insuficientes.


O presidente do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, Alberto Anderson Filho, considerou que não existem provas contra Cepollina, alegando que ela foi a única investigada no crime e que faltou aprofundamento na investigação.


"O que ele [juiz] diz dá respaldo ao que ela [Cepollina] sempre falou. Que ela saiu de lá e ele estava com vida. Estou convicta de que se o caso for reaberto, não será com ela [como acusada]", afirmou a advogada de Cepollina, Dora Cavalcanti.


A
denúncia improcedente contra Cepollina foi apresentada à Justiça em novembro de 2006 pelo promotor Luiz Fernando Vaggione. No texto, o promotor alegou que o crime foi cometido por vingança. Segundo a denúncia, Cepollina viu que o relacionamento amoroso "estava em decadência". Como agravantes, o promotor atribuiu motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima.

Os advogados de Cepollina receberam nesta quarta-feira a decisão. Desde novembro de 2007, o promotor responsável pela acusação é João Carlos Calsavara, do Tribunal do Júri. Ele disse que vai recorrer da decisão.


"Lamento porque entendo que há provas [contra a advogada]. Estou surpreso. Não é uma decisão que a sociedade espera", afirmou Calsavara.


Alívio


"Recebi a notícia com alívio. Porque foi uma grande injustiça que foi feita. Mas, sou filha de imigrantes. Meus avós lutaram em duas guerras mundiais e fui criada acreditando que não há opressão nem injustiça que dure para sempre. Faz dois anos que estamos lutando, eu, minha família, meus advogados, amigos", disse a advogada.


Cepollina disse que estava sem trabalhar devido ao processo. Ela afirmou ter sido orientada por uma consultoria a não advogar. "Não tive sossego [nesses dois anos]", afirmou.
Inquérito


O inquérito sobre a morte de Ubiratan havia sido concluído pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) no dia 13 de outubro de 2006. Cepollina foi apontada pela Polícia Civil como a única responsável pelo crime e teria agido por ciúme. Ela foi indiciada por homicídio duplamente qualificado --por motivo fútil (ciúme) e recurso que impossibilitou a defesa da vítima (Ubiratan estava desarmado).


Em outubro 2006, a 9ª Câmara Criminal do TJ (Tribunal de Justiça) negou o pedido de habeas corpus preventivo movido por Cepollina.



Posta por Jorge Magalhães




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