segunda-feira, 19 de outubro de 2009

“Personalidade influencia, mas não determina conduta criminosa”

Ninguém nasce criminoso, o que pode existir é uma relação entre a personalidade, que é algo que, em parte, nasce com a pessoa e vai-se formando durante a vivência do indivíduo, com um jogo de fatores e de momento que impulsionam a pessoa a agir de determinada maneira. A constatação é do doutor em Psicologia Clínica Alvino Augusto de Sá, que ministra na manhã desta segunda-feira (19) e vai ter continuidade nesta terça-feira (20), durante o curso ‘Criminologia Clínica e Psicologia Criminal’ para membros do Ministério Público estadual.

Segundo Alvino, que tem experiência na área da Psicologia com ênfase em criminologia, “a personalidade, por si só, não leva ninguém para o crime, até porque todo mundo pode ter uma ação impulsiva, mas não a ponto de cometer um delito”. “Uma pessoa não assalta um banco somente porque é agressiva, mas, se a ela falta tal característica, ela certamente não assaltará o banco”.

De acordo com psicólogo, a privação emocional que uma criança sofre tem grande interferência no desenvolvimento da conduta criminosa, pois uma criança privada de atenção se vulnerabiliza nas relações sociais e tem maiores dificuldades para se adaptar ao mundo e às suas exigências, “sendo uma das saídas a delinquência”. Claro que somente o fator social não basta para a concretização de uma ação criminosa, afirmou o psicólogo, explicando que a Criminologia Clínica, na tentativa de compreender o indivíduo autor do ato criminoso, vincula, em seu modelo médico-psicológico, o crime a condições orgâncias e psíquicas, como se o ser tivesse predisposição para o crime.

Os conceitos de Criminologia Clínica e o subtema ‘Personalidade e crime’ foram debatidos na manhã de hoje, no Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do MP (Ceaf), onde está sendo desenvolvido o curso que integra uma das etapas de concretização do convênio firmado entre o Grupo de Atuação Especial de Defesa da Mulher (Gedem) e Ministério da Justiça por meio do Pronasci.

Durante a tarde, foram abordados os subtemas ‘Crime e história individual de conflitos’ e ‘Privação emocional e delinquência’, ficando para amanhã os debates sobre ‘Reintegração social dos encarcerados’, que, para o palestrante, “é difícil de acontecer dentro do modelo prisional existente, sendo necessária a reformulação do modelo e da mente de alguns segmentos da sociedade que precisam se integrar ao processo”, e ‘As avaliações técnicas na execução penal’. Segundo a coordenadora do Gedem, promotora de Justiça Márcia Teixeira, o curso é uma tentativa do MP de se aproximar dos conceitos da Psicologia para melhor instrumentalizar os promotores de Justiça.


ASCOM/MP

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