quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Morre paciente atendido por médico do Samu que alegou injúria racial



O ex-marido da professora Creuzenilda da Silva Lima, 45 anos, acusada por um médico do Samu em Juazeiro, norte da Bahia, de injúria racial morreu na madrugada desta quarta-feira (24/10) no Hospital Regional da cidade, segundo informações da professora.

Creuzenilda conversou rapidamente por telefone com o G1 na noite desta quarta e disse que, por enquanto, prefere não comentar o fato de ter sido acusada de agir de forma preconceituosa com o funcionário do Samu. Segundo ela, advogados da família estão tomando as providências necessárias sobre o caso. "A história não é bem assim como contaram. O médico estava mais preocupado em chamar a polícia do que em atender meu ex-marido", diz.

De acordo com Creuzenilda, vizinhos disseram que o Samu demorou de chegar à casa do paciente e a equipe teria justificado o atraso com a informação de que houve dificuldade de encontrar a residência. "Meu ex-marido chegou no hospital e foi direto para a UTI. Ele teve um infarto e não resistiu", disse a professora.

Segundo ela, o ex-marido Jorge Simão de Lima tinha 53 anos e também era professor do município. Eles estavam separados, morando em casas diferentes há dois anos, mas, de acordo com Creuzenilda, mantinham amizade e se viam com frequência. O casal tem dois filhos juntos, um jovem de 18 anos e uma garota de 11. O corpo de Jorge Simão foi enterrado na tarde desta quarta em Juazeiro.

O médico Gilberto Barbosa, que fazia parte da equipe do Samu que prestou atendimento ao paciente e registrou ocorrência de injúria racial contra a professora, não foi encontrado pelo G1 para comentar o assunto na noite desta quarta-feira.
O caso
A professora Creuzenilda da Silva foi detida na terça-feira (23), em Juazeiro, suspeita de injúria racial contra o médico do Samu Gilberto Barbosa, que é negro. De acordo com o delegado Flávio Martins, titular da 1ª Delegacia, o serviço médico foi acionado para prestar atendimento ao ex-companheiro da mulher.

De acordo com Martins, o médico relatou que foi chamado pela professora de "negrinho metido a besta". O médico contou sua versão do ocorrido. "Eu conduzi o paciente até o interior da ambulância para que a gente fizesse o primeiro atendimento, quando a gente estava tentando fazer o acesso venoso nele, ela abriu a porta da ambulância traseira e começou a gritar porque que o paciente ainda estava lá e não tinha sido removido para o hospital. Eu pedi para que ela fechasse a porta da ambulância, foi quando ela disse que eu era um negrinho metido e bateu a porta da viatura", diz Gilberto Barbosa.

Segundo o delegado Flávio Martins, a professora prestou depoimento e foi liberada após pagamento de fiança no valor de um salário mínimo, R$ 622. "No depoimento ela disse que se desentendeu com o médico, mas não falou que fez essa conotação racial. Ela negou a injúria racial", afirmou o delegado.

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